Ano é marcado por indicadores positivos na economia de Santa Catarina |
As marcas da vida são para sempre. O que se fez não tem quem apague. Na vida de Leopoldo Schroeder, que a sonoridade radiofônica exigiu que tivesse a identificação de Léo Cesar, foi assim que construiu uma vida na comunicação, entremeando com atividades administrativas. Ao chegar a expressiva marca de 97 anos, com a comemoração oficial em família neste 18 de abril, este senhor de cabelos grisalhos pode olhar pelo retrovisor da vida e ter a certeza que deixa uma expressiva marca de uma época do rádio joinvilense e catarinense.
Desde que o garoto de 15 anos conseguiu seu primeiro emprego, na Perfumaria Jasmim, além dos afazeres de estafeta, era o speaker e o alto falante de Guilherme Urban, o proprietário do estabelecimento. A cada data festiva, o senhor Urban reunia os funcionários numa comemoração que não podia faltar um suculento churrasco e um de seus discursos. A tarefa de passar estas palavras a todos os presentes era através da voz de Léo Cesar.
Assim, como o próprio senhor Urban intitulava, o jovem Leopoldo passou a ser o speaker (locutor como eram conhecidos os falantes através de um microfone) e a voz no alto falante pelas palavras do patrão. Isso fez com que encorajasse a surgir um novo locutor na Joinville que tinha apenas uma rádio até o final dos anos 1940.
Por telefone, Leopoldo ligou para a emissora e procurou preencher as exigências para concorrer a vaga de locutor. A conversa começou com os proprietários da rádio – Wolfgang e Juracy Brosig – e foi se alongando até chegar em J. Gonçalves, que na época era a principal expressão da locução da emissora.
A conversa foi demorando e o candidato ficou curioso em saber por qual motivo. Até ouvir dos avaliadores a explicação: “Ficamos impressionados com um alemãozinho de nome e sobrenome que conseguia se expressar sem engasgar nos erres”. Ali ficou em casa o Leopoldo Schroeder e foi para a rádio o locutor Léo Cesar. No rádio foram 12 anos sem registro em carteira, entre Difusora e Colon.
O locutor de cabine lia todos os reclames a partir que iniciava a jornada após às 18 horas. No período comercial já era funcionário da madeireira M. Lepper, onde ficou por 16 anos. Só deixou esta empresa para ingressar em outro segmento da família Meinert, que era a revenda de veículos da Volkswagen e onde ficou por 13 anos.
Narrador de futebol por acaso
J. Gonçalves, além das qualidades na frente de um microfone, também era eclético: locutor, ator de radionovelas e narrador de futebol. Numa das idas ao Rio de Janeiro, recebeu o convite de Jorge Curi e Antônio Cordeiro para acompanhar uma jornada esportiva em que os dois narravam o mesmo jogo, onde cada parte do campo ficava a cargo de um dos narradores.
Ao chegar em Joinville, J. Gonçalves tirou Léo Cesar da comodidade do estúdio e fez o colega de rádio repetir na Difusora o que Curi e Cordeiro colocavam em prática há bastante tempo na Rádio Nacional. Léo ficou reticente e, mesmo assim, aceitou a proposta.
A estreia com narração em dupla seria num jogo entre América e Avaí. A transmissão estava se desenrolando bem até que surge um gol do América e caberia a Léo soltar a voz e gritar o tento americano. A voz não saiu. Léo se engasgou e estava largando o microfone. J. Gonçalves segurou o amigo e exigiu que ficasse.
A partir daí, a dupla fez história na transmissões dos jogos de América e Caxias, além do basquete, vôlei, remo e até na natação. Em 1960, com a Colon entrando no ar, passou para o novo prefixo e como narrador titular, ao lado de Arno Enke, Osmir Bezerra, Luiz Gastão de Diniz, o Jacaré, e Rolando Werner, o Malo.
Ainda na Difusora, com o prefixo de ZYA5, a voz de Léo Cesar marcou as conquistas do Caxias nos títulos invictos do Campeonato Catarinense de 1954 e 1955. Foram momentos marcantes, onde a vibração da torcida acompanhou a transmissão mesmo com a gravação do jogo ficando para o dia seguinte. Isso aconteceu em 1954, quando o Caxias decidiu o título em Tubarão, onde o adversário foi o Ferroviário.
Não havia condições técnicas para a transmissão ir ao ar no momento do confronto. Wolfgang Brosig preparou um gravador e levaria a fita para Joinville logo após o jogo. Para isso, contratou um teco-teco para apressar a volta. Uma forte chuva impediu a estratégia. O retorno só ocorreu na manhã seguinte, fazendo com que a gravação fosse ao ar quando a delegação caxiense estava chegando na cidade. A festa foi a mesma e ainda com mais intensidade, relembra Léo Cesar.
Do rádio para a venda de carros
Foram 16 anos calculando os cúbicos de madeira até que a família Meinert ganhou a concessão para a revenda Volkswagen em Joinville. A troca de funções também exigiram que Léo Cesar deixasse o mundo do rádio. Passados 13 anos, veio uma nova mudança, quando aceitou o convite de Nerval Pereira para ser o gerente comercial de A Notícia. Quatro meses depois foi promovido a diretor do jornal. Lá permaneceu por seis anos.
Aposentado e longe dos compromissos como funcionário, Léo Cesar assumiu um novo desafio para ser o responsável pela venda de placas de publicidade no Ernestão. Estava investido como colaborador do JEC, mas registrado como assistente administrativo da Companhia Hansen Industrial que pagava seus salários pelos cinco anos que lá ficou.
Pioneiro em tudo
O período em que esteve em rádio, Léo César participou da criação da Acej (Associação dos Cronistas Esportivos de Joinville), em 3 de setembro de 1949. A entidade foi a precursora para o surgimento do Sindicato dos Radialistas e que está ativo até os dias atuais. Em 29 de junho de 1969 mais uma vez participou e foi sócio atuante de outra entidade. Desta vez com fins filantrópicos, ele e a esposa Traude participaram da criação do Lions Clube Sul.
Uma das grandes promoções do Lions, numa sugestão de Léo Cesar, foi trazer a Joinville para uma apresentação em jogo festivo do Escrete do Rádio, com as principais expressões da Rádio Bandeirantes de São Paulo, destacando-se o narrador Fiori Gigliotti.
- - - - - - - - - - - - - -
Agradecimento a quem já contribuiu. E o pedido é para novas adesões! Já são 12% de adesões ao nosso pedido de apoio para contribuir para o livro Gloria´s do Menino Jornalista se tornar realidade. Agradeço imensamente aos que já se dispuseram a pesquisar o site www.apoia.se e deixar sua contribuição, que pode ser a partir de R$ 20,00.
apoia.se/gloriameninojornalista é o link específico para arrecadar recursos para o nosso objetivo cultural e dar uma das primeiras obras literárias para o esporte de Joinville.
Deixe seu comentário